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Embraer: a Nova Era da Aviação

  • Foto do escritor: Grupo de Negócios da Escola Politécnica da USP
    Grupo de Negócios da Escola Politécnica da USP
  • 16 de set.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de out.

A Embraer construiu liderança global no segmento de jatos regionais e executivos e agora aposta na Eve para transformar a forma como ocorrem os deslocamentos urbanos.


Theo Tabach (Sênior no GN Poli)


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Fundada em 1969, a Embraer transformou-se, ao longo de pouco mais de cinco décadas, na espinha dorsal da indústria aeronáutica brasileira. Já entregou milhares de aeronaves a mais de 100 países e afirma que mais de 90% de sua produção é exportada. Isso faz com que, no mercado doméstico, atue praticamente como o único grande fabricante nacional, ao mesmo tempo em que mantém um negócio essencialmente internacional. No exterior, consolidou nas últimas décadas uma posição de liderança no segmento regional, sendo hoje a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo. Como marco histórico, a família E-Jet chegou a deter cerca de 80% do mercado norte-americano de aeronaves de médio porte em determinados períodos.


A Embraer organiza-se em três principais frentes: jatos regionais e de corredor curto, que historicamente concentram o maior volume de unidades entregues, aviação executiva, que vem crescendo em receita e margem nos últimos anos, e defesa/serviços. Em seus relatórios e comunicados mais recentes, a empresa tem destacado tanto o aumento nas entregas de jatos executivos quanto grandes pedidos comerciais e contratos de suporte.


Na prática, a atuação comercial e a executiva seguem estratégias distintas. No segmento comercial, a Embraer aposta em right-sized aircraft para companhias aéreas regionais e de rotas curtas a médias. Já na aviação executiva, concorre com modelos como Phenom 300 e Praetor 500/600, atendendo operadores fracionados, corporações e frotistas.


Para o futuro, a companhia projeta expandir a produção e modernizar seu portfólio comercial, além de sustentar o crescimento da divisão de jatos executivos e serviços. Também busca diversificar suas atividades em novas áreas, como a mobilidade aérea urbana. Nesse sentido, anunciou recentemente planos de investir cerca de R$ 20 bilhões até 2030. Diante da transição dos veículos a combustão para os elétricos e dos desafios de mobilidade em grandes cidades como São Paulo, uma das apostas é a Eve, subsidiária dedicada a esse segmento.


Mas como a Embraer pretende concretizar essa transformação?


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A Eve Air Mobility, voltada ao desenvolvimento de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL), realizou, em agosto de 2025, uma oferta direta de ações no valor de aproximadamente US$ 230 milhões. Na operação, foram emitidas mais de 47 milhões de ações ordinárias ao preço de US$ 4,85 cada, garantindo à empresa um reforço importante de caixa para financiar o processo de certificação de seus veículos, o desenvolvimento tecnológico e demais despesas operacionais. Como parte da estratégia, a Eve também promoveu uma listagem dupla, viabilizando BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na B3, o que abriu caminho para que investidores brasileiros participassem mais diretamente do negócio.


O envolvimento da Embraer foi central nessa captação. Além de ser a controladora e parceira estratégica da Eve, a Embraer figurou como uma das investidoras que aderiram à oferta, sinalizando confiança no projeto e contribuindo para atrair outros participantes institucionais. Esse apoio não se restringe ao aporte financeiro: a Embraer fornece infraestrutura, know-how em certificação e experiência no setor aeronáutico, fatores que aumentam a credibilidade da Eve perante investidores e autoridades regulatórias.


Com essa operação, a Eve não apenas fortaleceu seu capital, mas também consolidou sua presença no mercado de capitais brasileiro, complementando a listagem já existente nos Estados Unidos. Para a Embraer, o movimento reforça sua posição como uma das líderes mundiais na transição para a aviação sustentável e urbana, ampliando o ecossistema de inovação e assegurando participação direta em um segmento com potencial para transformar a mobilidade aérea nos próximos anos.


Aprofundando sobre o eVTOL


Um eVTOL (electric Vertical Take-Off and Landing) é uma aeronave elétrica capaz de decolar e pousar verticalmente, combinando a praticidade de um helicóptero com a eficiência dos motores elétricos. Projetado para ser mais silencioso, sustentável e econômico, é visto como uma solução para a mobilidade aérea urbana, oferecendo transporte rápido de passageiros ou cargas em trajetos curtos, especialmente em grandes cidades com alto tráfego. Globalmente, o setor de eVTOL tem atraído grandes investimentos de fabricantes de aeronaves, empresas de tecnologia e fundos de capital de risco, com destaque para projetos nos Estados Unidos, Europa e Ásia.


As tendências indicam que esses veículos devem ser empregados em táxis aéreos urbanos, no transporte regional de curta distância, em operações logísticas de entregas rápidas e até em situações de emergência. Paralelamente, governos e autoridades de aviação já trabalham no desenvolvimento de regulamentações específicas para viabilizar a certificação e a integração dos eVTOLs ao espaço aéreo, consolidando-os como um dos pilares esperados da aviação sustentável do futuro.


Um exemplo relevante é o da norte-americana Joby Aviation, que recebeu investimentos significativos da Toyota, tanto em capital quanto em suporte de engenharia e fabricação, e hoje figura entre as líderes globais na corrida pelo lançamento de serviços comerciais de táxi aéreo elétrico.


Market Cap - Players do Segmento eVTOL (Bilhões de Dólares):


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Embora ainda tenha uma participação modesta no setor, a Eve demonstra grande potencial de crescimento no Brasil, sobretudo se os eVTOLs se consolidarem como uma alternativa viável e atraente para o transporte de passageiros e pequenas cargas.

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