Private Equity: Conceito e Como Auxilia Empresas a Terem Sucesso
- Grupo de Negócios da Escola Politécnica da USP
- 26 de ago.
- 3 min de leitura
Consolidado no exterior e em expansão no Brasil, o setor de PE é destaque pela forma diferenciada com que estrutura seus negócios.
Theo Tabach (Sênior no GN Poli)

Os interessados no mercado financeiro já devem ter se deparado com a área de Private Equity, uma vertente menos popular que o Investment Banking, por exemplo, mas que apresenta um funcionamento bastante interessante. Esse tipo de investimento é voltado para empresas privadas (sem ações em bolsa), geralmente em estágios mais consolidados e com estrutura já amadurecida. As casas de PE buscam participação significativa nessas empresas e atuam para potencializar seu valor, obtendo lucro posteriormente com a venda dessa participação.
Como funciona a abordagem de um fundo de Private Equity?
O primeiro passo é a captação de recursos, realizada junto a investidores institucionais, como outros fundos, seguradoras e indivíduos de alto patrimônio. Em seguida, os gestores do fundo avaliam empresas com alto potencial de crescimento e/ou que necessitam de reestruturação, a partir de análises financeiras, operacionais e de mercado. Caso essas análises indiquem potencial de lucro a partir de medidas que os gestores possam implementar, o fundo adquire uma participação significativa ou até mesmo o controle total da empresa. Essa aquisição pode ocorrer por meio da compra direta de ações ou da injeção de capital, sempre com o objetivo de obter influência nas decisões de gestão.
Além disso, existem diferentes formas de atuação de um fundo de PE. As operações mais comuns incluem: Buyout (compra da maioria ou da totalidade da empresa), Growth capital (aporte para expansão sem perda de controle pelos fundadores) e Turnaround (investimento em empresas em dificuldades financeiras, com o objetivo de reestruturá-las e recuperá-las).
Exemplo de Private Equity – Opportunity e Santos Brasil

Palestra: GN Poli e Opportunity (25/08/2025)
Um grande deal no modelo de Private Equity aconteceu em 1997 entre a Opportunity e a Santos Brasil. A casa de PE adquiriu cerca de 48% das ações da companhia na operação inicial e em participações subsequentes, por meio de fundos que contavam com capital próprio da gestora. Essa estrutura permitiu um horizonte de investimento de longo prazo, sem a necessidade de saída imediata para remunerar cotistas. O objetivo principal era expandir a infraestrutura portuária da empresa.
Sob a gestão da Opportunity, a Santos Brasil evoluiu de um único terminal em Santos para um amplo portfólio de ativos logísticos, incluindo terminais em Itaqui (MA), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA), entre outros. A gestora também teve papel decisivo no desenvolvimento do Tecon Santos – maior terminal de contêineres da América do Sul – o que levou a Santos Brasil a responder por cerca de 17% de todo o tráfego de contêineres do país.
Em setembro de 2024, a Opportunity concluiu a venda de sua participação de 48% na Santos Brasil para a francesa CMA CGM por R$ 6,33 bilhões (equivalente a R$ 15,30 por ação). O valor representou um prêmio de aproximadamente 20% sobre o preço de mercado prévio, refletindo a valorização conquistada ao longo do período. Apesar de ter durado 27 anos — muito acima da média típica do setor — o acordo foi considerado um grande sucesso tanto para a Santos Brasil quanto para a Opportunity. O caso exemplifica como funciona uma casa de Private Equity: entrando profundamente na gestão administrativa de uma empresa, impulsionando sua expansão e consolidando sua trajetória de sucesso.
O mercado de Private Equity no Brasil ainda é relativamente pequeno em número de gestoras e analistas, mas já movimenta valores expressivos. Avaliado em cerca de US$ 17 bilhões em 2024, o setor está projetado para alcançar US$ 36,1 bilhões até 2033, com um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 8,72% entre 2025 e 2033.




