A Oscilação da Bolsa de Valores Brasileira
- Grupo de Negócios da Escola Politécnica da USP
- 11 de mar.
- 3 min de leitura
A economia brasileira está passando por turbulências, vamos entender como a B3 está lidando com as altas de juros, inflação, câmbio e dívida pública.
Pedro Carron (Júnior no GNPoli)

É comum que pessoas que trabalham com mercado financeiro dediquem grande parte do seu tempo para entender as variações da Bolsa de Valores brasileira. Nesse sentido, índices, como o Ibovespa, são importantes indicadores para se compreender como andam as ações das principais empresas listadas na Bolsa. Sabe-se, além disso, que o desempenho dessas ações sofre influência de fatores macroeconômicos brasileiros como: a dívida pública brasileira, a taxa de juros, a inflação e o câmbio.
Histórico do Índice IBOVESPA (Fonte: Capital IQ)

Nos últimos meses, nota-se que o Ibovespa tem oscilado negativamente. Em primeiro plano, isso está relacionado ao aumento da Dívida Pública Federal (DPF), que abriu o ano de 2025 representando 76% do PIB brasileiro, um aumento de seis pontos percentuais em menos de dois anos, o que trouxe um panorama de incerteza para os investidores tendo em vista um maior risco de o governo não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras. Isso ocorre porque a política fiscal, ou seja, o controle de gastos do governo, não tem sido eficiente, mostrando um cenário que pode acarretar um fenômeno chamado de “dominância fiscal”, que ocorre quando as medidas fiscais do governo se tornam ineficientes. Esse momento de incerteza em relação à política econômica brasileira afasta os investidores da bolsa de valores, o que resulta na queda de seus índices.
Dívida Pública Federal (DPF) em Relação ao PIB Brasil (Fonte: Trading Economics, BACEN)

Para piorar, a inflação brasileira atualmente se encontra acima do teto da meta e, mesmo com as projeções do aumento da taxa de juros para 15% para tentar conter a inflação, os indicadores financeiros continuam indo mal, confirmando com o cenário de ineficiência da política fiscal brasileira. Além disso, o aumento da dívida pública brasileira causa a desvalorização da moeda brasileira, confirmando o aumento da inflação. Com isso, a solução do Banco Central é subir os juros, o que torna mais caro para o governo pegar novas dívidas, provocando um ciclo vicioso.
Nesse sentido, o enfraquecimento da moeda brasileira também prejudica em muito o câmbio do real em relação a outras moedas, o que gera impactos negativos nos custos de importação, afetando mais ainda os gastos do governo, que historicamente tem superado as receitas, prejudicando cada vez mais a economia do país.
Vale ressaltar que essa situação desafiadora impacta negativamente as operações de várias empresas listadas na bolsa de valores brasileira, o que faz com que elas não tenham os resultados esperados durante os trimestres do ano, gerando na queda do preço de seus papéis, afetando mais ainda suas operações.
Devido a esse cenário econômico complexo, muitos investidores têm sido mais cautelosos, isto é, tem retirado seus aportes da Bolsa de Valores brasileira para investir em mercados mais seguros e menos voláteis, como os Estados Unidos por exemplo. Nota-se que esta saída de investimentos do Brasil para o exterior só aumenta a incerteza de outros investidores com o país, o que alimenta ainda mais esse ciclo de forma negativa.
Por fim, a alta da Taxa Selic, com projeções de subir mais ainda no futuro, torna investimentos em renda fixa mais atrativos do que na Bolsa de Valores devido ao menor risco de perda e da projeção de maiores ganhos no curto prazo.
Resumindo, a situação macroeconômica brasileira se encontra em um momento delicado, ou seja, estamos passando por um cenário onde a política do governo se torna ineficiente em decorrência de um descontrole da dívida pública, associada ao aumento da taxa de juros que não consegue conter a inflação de forma satisfatória resultando na desvalorização da moeda brasileira, o que faz com que os investidores tenham desconfiança sobre o mercado financeiro brasileiro, causando uma queda geral no desempenho das ações do país. Essa queda, em última análise, gera oscilações na Bolsa de Valores Brasileira (B3) e nos índices que medem o desempenho de suas principais
ações, como o Ibovespa, por exemplo.
E você, deixaria seu dinheiro na bolsa brasileira sabendo disso?