O Pix vai Substituir o Cartão de Crédito?
- Grupo de Negócios da Escola Politécnica da USP
- há 3 dias
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Do crédito ao instantâneo: comparando a forma de consumo tradicional com as tendências da atualidade.
Por Felipe Ramos (Júnior do Grupo)

Desde seu lançamento em 2020, o Pix revolucionou o sistema de pagamentos no Brasil. A rapidez, a gratuidade para pessoas físicas e a ampla aceitação fizeram dele um fenômeno que hoje domina as transações do dia a dia. Diante desse avanço, surge uma pergunta importante: ele pode substituir o cartão de crédito?
Um aspecto fundamental nessa discussão é o comportamento do consumidor. A praticidade de transferências diretas entre contas e pagamentos instantâneos sem intermediários fez com que esse meio de pagamento ultrapassasse outras opções, como TED, DOC e boletos. No entanto, substituir o crédito é um desafio mais complexo.
Volume de transações em bilhões (Fonte: Banco Central do Brasil )

Embora o volume de transações via Pix tenha superado o dos cartões de crédito, esses últimos se destacam por seus diferenciais, como a possibilidade de parcelamento, amplamente utilizada para organizar as finanças e adquirir bens de maior valor. Para atender a essa demanda, foi lançado o Pix Parcelado, modalidade oferecida por algumas instituições financeiras que permite dividir pagamentos em várias vezes. No entanto, ao contrário do parcelamento tradicional, essa opção ainda não é padronizada e pode envolver taxas elevadas, a depender da instituição.
Além disso, grandes bancos e fintechs já oferecem essa possibilidade, mas, na maioria dos casos, ela funciona como uma operação de crédito sujeita a juros e incidência de IOF. Isso difere do modelo tradicional do cartão, no qual o crédito só é contratado, com encargos adicionais, caso a fatura não seja quitada integralmente.
Outro ponto relevante é a capacidade de programação do Pix. Como um meio de pagamento digital e flexível, ele pode incorporar novas funcionalidades semelhantes às dos cartões. Um exemplo é o bloqueio reverso, que permitiria reter valores temporariamente antes da conclusão da transação, aproximando-se do funcionamento dos pagamentos a prazo. Além disso, o Banco Central está desenvolvendo o Pix Garantido, uma modalidade que permitirá o agendamento e parcelamento de pagamentos. Porém, ao contrário do crédito tradicional, será necessário ter saldo disponível na conta para utilizá-lo. Essa funcionalidade ainda está em desenvolvimento e não tem previsão de lançamento.
A segurança também é um fator crucial na comparação entre os dois meios. O cartão de crédito conta
com a proteção “chargeback”, que permite ao consumidor contestar compras indevidas e obter reembolso diretamente com a administradora. Já o Pix, por ser um pagamento instantâneo e definitivo, nem sempre garante o estorno. O processo de devolução depende da análise do banco ou instituição financeira responsável, o que pode torná-lo menos ágil e confiável em casos de fraudes ou erros.
Diante desse cenário, é improvável que um substitua completamente o outro a curto prazo. O mais provável é que coexistam, com o Pix ganhando espaço em transações menores e pagamentos à vista, enquanto o crédito continua sendo amplamente utilizado para compras parceladas e benefícios financeiros. Muitas pessoas utilizam cartões para acumular pontos ou milhas, que podem ser trocados por passagens aéreas e outras vantagens. Dessa forma, a tendência é que o Pix complemente as formas de pagamento já existentes, proporcionando mais comodidade aos usuários sem eliminar totalmente o crédito.