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O Preço Do Ouro: O verdadeiro custo de sediar os jogos olímpicos

Atualizado: 31 de mar.

Após a euforia dos Jogos Olímpicos de Paris, restam as memórias da 33ª edição. Mas, surge uma pergunta: com tantos gastos e investimentos, as Olimpíadas são viáveis economicamente?


Laura Zagottis (Júnior no GNPoli)



Os Jogos Olímpicos são por vezes promovidos como uma oportunidade de revitalização dos países que os sediam, devido à premissa de que possibilitam um maior fluxo econômico nacional. Essa fantasia confortante é cada vez mais desconstruída à medida que orçamentos extrapolados e dívidas acumuladas chegam a proporções crescentemente perigosas.


A transformação dos Jogos Olímpicos na potência de marketing que é hoje em dia foi consolidada nos Jogos de 1984 em Los Angeles. Por essa edição do evento ter sido



precedida por três grandes fracassos (os Jogos da Cidade do México em 1968 e os de Munique em 1972 sendo marcados por violência mortal, e os Jogos de Montreal de 1976 por estouros dramáticos de custos), surgiu a necessidade de reinventar os Jogos Olímpicos. Los Angeles, por meio de reutilização de infraestrutura, patrocínios diversos e aquisição de direitos de transmissão, finalizou os Jogos de 1984 com sucesso: um superávit de US$ 215 milhões.


No entanto, a recuperação da imagem dos Jogos Olímpicos teve como fatal consequência a competição acirrada entre países para sediar o megaevento esportivo. Isso teve como corolário um aumento drástico em gastos com os jogos (algumas cidades gastaram mais de US$ 100 milhões apenas com licitação). Incluindo Paris, cinco das últimas seis Olimpíadas (verão e inverno) tiveram estouros de custos ajustados pela inflação de mais de 100%, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford divulgado em maio de 2024.



Pode-se perceber um declínio evidente no interesse dos países em sediar os Jogos Olímpicos, causado por inúmeros fracassos financeiros. Dentre eles, pode-se destacar os Jogos de 2016 no Rio, que geraram R$ 420 milhões de dívida para o Brasil, dos quais R$ 200 milhões foram assumidos pelo Estado, que direcionou suas dívidas para organizações como o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Os gastos olímpicos agravaram profundamente a crise político-financeira que o país estava vivendo na época, a qual eventualmente resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.


Apesar desse histórico turbulento, ainda há esperança para a rentabilização dos Jogos Olímpicos. O Comitê Olímpico Internacional (COI) espera mudar de direção, começando com os Jogos de Paris: a organização esportiva não-governamental adotou uma abordagem mais econômica e ecológica do que nos anos anteriores. Paris 2024 foi a primeira Olimpíada, desde Sydney, cujos custos totais não excederam US$ 10 bilhões.


Agora, com o fim das Olímpiadas, os resultados não foram tão impressionantes quanto se esperava. Com uma cidade mais vazia do que o normal para o verão europeu, a capital do turismo mundial viu muitos de seus visitantes optando por outros destinos para evitar os jogos e com medo de acomodações e preços superfaturados, junto a uma difícil mobilidade. Por outro lado, muitos argumentam que a exposição de Paris nesses jogos pode aumentar ainda mais no futuro o fluxo de turistas da cidade, principalmente de visitantes de primeira viagem.


No fim, o tempo dirá, e o verdadeiro custo por trás dos Jogos Olímpicos ainda não é totalmente claro, muito menos o real benefício dos gastos bilionários em infraestrutura para sediá-los.

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